sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A morte e a ressureição

Era tarde, mas aquele sol de meio-dia, ainda insistia em bater na janela do meu quarto. Deitada, com dores por todo o meu corpo, mas as dores mentais, ainda poderiam ser piores. Doía cada lado, cada medida, cada pensamento. Papai morrera, quando tinha dez anos de idade, num acidente de carro. Não resistiu aos ferimentos. Mamãe foi logo depois, estava prestes a completar onze anos, quando estava indo a Paris e o avião caiu no meio de uma floresta. Ficou perdida durante dois meses, sem água, sem comida, sem ninguém. Foi a única sobrevivente, mas chegou ao hospital muito desidratada, sem forças e então partiu de encontro a papai.
Minha vida, a partir dali, tomou outros rumos que jamais imaginei que pudesse existir. Namorei Kristoffer durante cinco anos e fui enrolada durante o mesmo tempo. Ele me usou como escape pra ficar rico, querendo se casar para tomar toda herança que meus pais deixaram pra mim, a única herdeira.
Após descobrir toda a verdade, cansada de sofrer, resolvi dar um basta em toda essa história. Na mesma noite, fui tirar satisfações e acabar tudo com ele.
Se soubesse que seria tão doído pra mim, não teria feito nada disso. Ele agrediu minha face com ferro quente, esfaqueou meu braço esquerdo, sinto o sangue escorrer e a pele latejar mais do que qualquer ferida mental, que antes achava ser pior.
Disse que me mataria se o denunciasse e então partiu, fugiu daqui com medo de ser pego.
Agora estou aqui, na janela do quarto, pensando em tudo que sofri e querendo acabar com o pouco de vida que me resta. A coragem está desafiando-me, colocando em risco aquele pouco de esperança que ainda existe em mim: ser feliz.
Sinto o vento acariciar minhas pernas e o brilho do sol queimar minha face. Penso em pular daqui e acabar com tudo isso, mas eu estaria entregando de bandeja a vitória a ele. Estaria entregando a minha vida e isso não posso fazer. Não vou fazer. Não posso destruir todos os anos que passei, todas as lembranças boas e ruins que tive, num piscar de olhos. Ainda posso mudar, ainda posso ser feliz. Meu futuro está ali, esperando que eu saia dessa janela e corra em seu favor.

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Postado por:
Natalia Araújo, do Revelando Sentimentos

Um comentário:

  1. Naty
    Linda história de vida com um final de garra e coragem.
    Como sempre excelente.

    Beijos e bom final de semana

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