sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Marcas de uma eterna infância



Eu tentei, por infinitas formas, mostrar para mamãe o quanto eu sofria com a decisão que ela tomava para si e acabei sendo a principal vítima nessa consequência.
Aqueles olhos arrebatadores destruíam a minha pequena e medrosa visão. Ele me consumia, me devorava, abusava do meu medo e nada podia fazer ou morreria com ela.
Mais uma noite e essa foi fatal, obrigou-me a coisas absurdas e as lágrimas, que antes escondia, foram reveladas aos olhos de mamãe. Não falei superficialmente. Contei tudo. Cada detalhe, cada forma de agonia e sofrimento. Ela nunca acreditou, mas agora, com detalhes precisos e o sofrimento de rancor no meu olhar, ela acreditaria em mim. Mais uma vez me enganei.
"Eu odeio te ver chorar, portanto, acabe com suas lágrimas e escute: Não acredito em nada do que você diz. Você não vai destruir o meu amor, a minha felicidade. Jamais acabará com a minha vida!". Aquilo foi o fim para os meus ossos que ainda permaneciam de pé, pois a carne já estava acabada. Usada, desgastada. Morta!
Ela odiava meus choros, meus sorrisos. Ela me odiava por completo e jamais acreditaria em mim.
Tentei alertá-la e não consegui. Tentei odiá-la, mas ainda amo-a mais do que a força que se esvaiu de mim.
Não posso deixá-la, mas não aguentaria sofrer mais uma noite e dar a ela mais uma lágrima em forma de raiva.
Resolvi partir em silêncio com um fruto que está dentro de mim. Aquele canalha deu-me um filho e destruiu a felicidade que eu tinha: O amor da minha mãe.


*Nada é real.
Natalia Araújo.

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