sexta-feira, 1 de julho de 2011

A revelação

Os olhos fundos, molhados de tanto chorar. Os soluços eram impedidos de serem ouvidos pelas paredes rochosas do banheiro. Seu corpo mudo, mas sua alma gritava em busca de socorro e redenção.
Abriu a torneira e mergulhou suas mãos, enchendo e levando-as à face, tentando disfarçar o inevitável. Tateou a toalha, com os olhos fechados, secou seu rosto.
Abriu a gaveta da cômoda, tirou um revólver de lá e decidiu ser a solução. Estendeu-o em direção à sua fronte e atirou.


- Srta Katlyn
- Sim, sou eu mesma, entre – disse ela ao delegado.
- Temos uma notícia muito séria para dá-la
- Oh, o que houve?
- Sua mãe, essa manhã, infelizmente cometeu suicídio.
Assustada, ela começou a soluçar em desespero, as lágrimas jorravam, deslizando pela face e forravam as curvas de seu colo.
- Você está presa, Srta Katlyn!
- O quê? Mas como assim? Eu não matei a minha mãe, ela que se matou e por que tenho que pagar por isso?
O delegado entregou um envelope para ela e disse:
- Sua mãe pediu para te entregar.
Ela abriu, apressadamente e começou a ler:


“Katlyn, quando descobri que estava grávida, você não tem noção do meu contentamento. Por mais que não fosse esperado, mas o fato de saber que um filho estaria por vir, meus olhos tremeluziam de contentamento.
Eu sofri muito no dia do parto, você já sabe muito bem disso. Quase morri para vê-la nascer e não pense que não morreria não. Morreria sim, por você!
Hoje eu me arrependo de tê-la colocado nesse mundo, se eu pudesse apagaria a sua vida desse lugar que lhe foi concedido. Você não vale nada, é uma imprestável querendo ser metida a riquinha. Sei que você assassinou seu marido com o meu revólver para incriminar-me. Fui presa durante um bom tempo e queria entender como você pôde ser tão fria a ponto de deixar-me lá, comendo o pão que você amassou e colocou em minha boca. Tenho provas que você o matou, guardei e esperei todo o tempo para mostrar a gravação ao delegado.
Quando descobri que foi você, autora do próprio assassinato do seu marido, naquela noite mal consegui dormir e desde aquele dia em diante, você tem tirado minhas noites de sono
O que eu fiz pra você foi ensinar-te toda educação e dar-te o meu amor, mas você pisou em toda estrutura óssea do meu corpo.
Hoje estou destruindo minha vida, para não ter que matar você e ter que viver todos os dias relembrando sua morte. Preferi me matar de repente e deixar que você morra aos poucos, sofrendo, sendo torturada e massacrada na cadeia.
Posso não descansar em paz, mas saiba que de agora em diante suas noites não serão mais as mesmas.


Com total desgosto, desprazer e insatisfação por ti,
aquela infeliz que te colocou no mundo.”

Postado por Natalia Araújo, do Blog Revelando Sentimentos

2 comentários:

  1. Queria saber de onde vc tira tanta inspiração *-*

    Perfect, como sempre flor!
    Saudades!

    BeijO*-*
    http://evesimplesassim.blogspot.com/

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  2. Caraca! Oque é que você toma pra ter tanta inspiração? *-* história muito boa!

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