sexta-feira, 17 de junho de 2011

Infortúnio da Obssessão

Kelry,

Se chegou até aqui, provavelmente, foi movida pela curiosidade de saber o que eu, sendo sua pior inimiga, poderia tratar com você, por meio de uma carta.
É bem óbvio e você sabe perfeitamente do meu ódio incontestável por você. Eu sei que você roubava meu dinheiro escondido, enquanto tomava banho e que rasgava minhas roupas, quebrava minhas pulseiras dentro do meu baú de jóias e o deixava lá, para eu achar que aconteceu do nada. Pois você acha que sou boba, né? Mas realmente você acertou. Eu sou sim, só que não o bastante para fazer com que você me engane a vida toda. Descobri teus segredos, tuas maldades e agora as tuas armas estão em minhas mãos.
O pior, sua vigarista, ainda tem mais. Descobri mais e isso só foi o início para preparar-me para o pior.
Quando fui visitar mamãe no hospital, ela lembrou que você havia medicado-a com o remédio diário, só que deu alteração no sistema nervoso e ela precisou ser internada. A médica detectou que deram uma mistura gravíssima e ela só não morreu porque meu irmão a viu tremendo no chão e chegou a tempo para ser atendida.
Se você o ama tanto, não é matando minha mãe e destruindo minha vida que você irá conquistá-lo. Eu tenho dó de você e da sua família. Você não é digna do teto que mora, não merece os pais maravilhosos que tem e não vale o chão que pisa.
E saiba mais: Meu irmão casou-se com uma inglesa e não está mais no Brasil; mamãe teve alta do hospital e o seu final... Eu deixo para o término desta carta.
Eis a diferença entre nós: Eu tenho ódio pelas coisas que você fez, por todas as dores que fizeste-me passar, mas não guardarei esse sentimento dentro de mim, porque quem tem um inimigo dorme com ele, acorda com ele, alimenta-se e vive com ele. E, de você, eu não quero nem o pensamento. Por isso, hoje, apago-te da memória. Não tenho amor e nem ódio por você, apenas nem lembro mais sua existência.
Você não foi completamente um nada pra mim, reconheço sua importância. Sim, você foi. Porque você me fez crescer, me ensinou que não devo confiar inteiramente nas pessoas, o tanto quanto confiei em ti. Mas foi somente até aqui.

Agora o seu fim está logo atrás de você, esperando que termine de ler esta carta.
Você está presa, Kerly
.


Daquela que tinha você no passado como a melhor amiga,
mas hoje a tem como a maior lição de vida para valorizar cada instante vivido.
Magg.

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