sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um (quase) adeus

Com a roupa engomada, os sapatos brilhando, parecia até que estava indo em destino à minha felicidade. Pronta, peguei as malas e percorri o corredor da morte, da morte da minha atual vida.
Deparei-me com Gary, ele me contemplava e eu queria evitar olhar aqueles olhos que não sabia compreender os meus.
Ele tirou as malas das minhas mãos, empurrando-as para o chão e cruzou seus braços em meu corpo. Deu um abraço acolhedor e disse:
- Sentirei sua falta, irmã.
"Irmã? Como assim? Não, não sou sua irmã. Prefiro ser enterrada viva do que ser sua... sua irmã", pensei frustrada.
- Não, Gary. Não me chame de irmã. Preciso te revelar o motivo da minha partida. É você, Gary. Você! Estou partindo para não ter que olhar 
pra
 essa tua cara!
Minhas palavras causaram um transtorno obsessivo na mente dele. Sua reação foi somente virar as costas e ir embora.
"Burra, como fui burra!Estou indo por causa dele sim, mas ele não precisava saber disso. Como sou idiota", era somente isso que passeava em minha mente perturbada.
Inclinei a face, de encontro aos meus joelhos e deixei que as lágrimas limpassem o mais profundo do meu coração.
De repente senti uma palma tocando minhas costas e uma voz sussurrava ao meu ouvido:
- Antes de você partir, preciso te revelar uma coisa muito importante: Amo você, Taylor e eu nunca vou achar ninguém para te substituir. Acho que vou ter de superar isso dessa vez. Quando você passou seis meses fora, fazendo aquele curso de pintura que tanto queria... Achei que conseguiria te substituir, mas me frustrei. Dessa vez será necessário. Quatro anos, exatamente quatro anos longe de mim e eu não suportarei sofrer mais por você tanto quanto sofro. Eu precisava te revelar isso. Amo você, mas dessa vez precisarei te substituir, antes que a podridão dos meus ossos sejam vistos perante a sociedade.
- Não fale assim, Gary. Eu também... também amo você, desde o primeiro dia em que te conheci no curso de pintura. Seu cheiro, sua voz, seu toque levava-me aos céus.
Ouve um silêncio constante, interrompido por um beijo infinito, tocando os céus do paraíso e aterrissando no chão da realidade de uma despedida.
- Não vá! - ele falava entre os instantes que os lábios se afastavam.
- Vem comigo, eu sei que você pode!


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Postado por: Natalia Araújo, do Revelando Sentimentos

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